
Mas o que seria a alegria? Um estado de espírito, um sentimento momentâneo que vem e logo desaparece, uma dimensão da felicidade? Poderíamos definir a alegria de várias formas. Espinosa escolheu pensar a alegria enquanto uma paixão. Ele nos fala em “paixões alegres” como sendo tudo que nos afeta, ampliando a nossa potência. Por oposição, fala das “paixões tristes” como tudo aquilo que nos despotencializa, ou seja, que reduz a nossa capacidade de ser e agir no mundo de forma coerente com o que somos ou desejamos ser. A tristeza irrompe por vezes e, necessariamente, precisa ter espaço e ser vivida, mas com o cuidado para que não nos paralise. Papo para uma outra hora.
Segundo Clarice Lispector (2005), nós tememos uma vida mais “larga” por não estarmos nos entregando a nós mesmos. Podemos trazer o pensamento da poetiza para esta reflexão, pois será que a alegria é a imagem do que queremos transmitir de modo artificial? É o que vestimos? É o que apresentamos através de bens materiais? Ou é que sentimos de forma genuína? A alegria está no alargamento de nossas fronteiras, na ampliação de nossas possibilidades, na compreensão de quem somos a partir de nossos próprios valores, desejos e sentido de vida.
Então, podemos pensar que a alegria tem relação com a autenticidade e, também, com a espontaneidade. Conseguimos ser autênticos e espontâneos quanto mais conseguimos ser alegres. E o inverso também pode acontecer.
A busca pela autenticidade e espontaneidade passa pela nossa conexão com aquilo que nos faz bem. Isso exige de nós um refinamento para nos observarmos, e de sentirmos como o outro nos afeta (compreendido aqui como pessoa, situação, contexto histórico e cultural). Fica a pergunta, tenho convivido com o que potencializa a minha alegria ou a minha tristeza? Podemos dizer que a alegria é importante para uma vida mais plena?
Fazemos então um convite para “alargarmos” nosso olhar e compreensão sobre a ALEGRIA!
Por Ana Flávia Sales e Luiza Saldanha